domingo, 20 de março de 2011

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"Não sei onde colocar as coisas, sabe?
Eu realmente tenho amor pra dar.
Só não sei onde colocá-lo."



Do filme Magnólia.

domingo, 6 de março de 2011

abraço


Chego em casa e te chamo. Por aquele apelido que você adora, mas insiste em dizer que não gosta. Chamo, silêncio. Chamo um pouco mais alto, na certeza de que estaria no banho, você adora entrar no banho minutos antes de eu chegar em casa, só para eu te fazer companhia. Andando em direção ao banheiro percebo que não há nenhum barulho de água caindo do chuveiro, não há barulho de nada. Ninguém no banheiro. Deve está escondido então, querendo pregar mais uma daquelas peças que você adora, me assustar e depois ficar relembrando a cara horrorosa que sempre faço. Ou será que já dormiu? Às vezes chega tão cansado que não consegue me esperar... não, nenhum sinal seu no quarto. Não é possível, já procurei em todos os cantos da casa e nada de você! Olhei até dentro do guarda-roupa. Nada. Em cima da mesa vi uma carta, achei que seria mais uma conta para pagar, nem dei atenção. Mas agora que percebi que você realmente não está em casa voltei pra ver a carta. Era uma carta sua. De despedida. Você dizia que não podia mais viver junto de mim. Já não sentia por mim o amor que fez com que casássemos. Sentei-me no chão e chorei. Chorei copiosamente relendo a carta. Chorei mais quando fechei os olhos e imaginei tudo que tinhamos construído até aquele momento. Tudo acabado.
Senti uma mão me acariciando com um cafuné. Abri os olhos e então percebi que estava deitada na cama. Me assustei com a mudança de cenário, tentei entender se tinha desmaiado e procurei desesperadamente o rosto do dono daquelas mãos. Era você. E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa você me abraçou.