domingo, 7 de novembro de 2010

Dentro


Ela olhou pra direita e viu um imenso branco. Não era nenhuma luz ofuscando seus olhos, era a alva paisagem que ela podia ver.
Estremeceu. Não havia ninguém até onde a vista pudesse alcançar.
Nem pessoas, nem casas, nem ruas, nem fios.
Não havia nada.
Ou melhor, havia o nada.
Decidiu observar o outro lado, dizem que sempre há um lado bom das coisas, então ela decidiu apostar.
Embora estivesse com medo, num ímpeto de coragem virou-se para a esquerda.

E eis que ela avista o... nada!
Toda aquela vasta superfície cintilante, refletindo o sol forte que brilhava no céu.
Ah sim, o sol. Sabia que ainda teria algo, impossível ter o nada como companhia.
Aliviou o desespero por um instante, com o sol a vida estava garantida.
Sentou-se e permitiu-se contemplar por alguns instantes aquela vista estranha.
Linda e estranha.
Imagine-se no meio de um infinito branco, com o sol como única companhia.
Aparentemente querem que você reflita.
Olhe pra dentro de você mesmo, já que não há nada lá fora para ser mais interessante e desviar a atenção.

Olhar pra dentro de nós mesmos...

É necessário mais que o infinito para (re)conhecer tudo que há alí.
Talvez nem todo o tempo do mundo permita essa façanha.

Mas ainda que pareça tão lindo esse momento de descoberta e reflexão, eu daria tudo pra não tê-lo.

Amigos já me diriam... eu tenho mania de querer abraçar o mundo.
Grande ilusão a minha, pensar que isso pode acontecer.
Não dou conta nem do pouco que tenho, que dirá administrar todas as possibilidades.
Provavelmente a insatisfação seria bem maior.
Afinal, quanto mais se tem mais se quer.

E quanto mais eu falo menos consigo me entender.
Melhor ficar por aqui, antes que o ato de escrever também me enjoe e não me reste mais nada.

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