domingo, 24 de janeiro de 2010

Fotografias


Uma praia linda.
A areia massageando os pés.
O sol dando vida a tudo ao redor.
Uma companhia improvável.
Um encanto com o lugar.
Reclamações por ter esquecido a câmera e não poder registrar aquele paraíso.
O celular!
Fotos com o celular.
O dono da casa querendo saber quem eram aqueles desconhecidos no portão dele.
A igreja ficava numa ilha, há duas braçadas de onde estávamos.
Mas eu não sabia nadar.
A água do mar chegava aos nossos pés.
Mas não estavamos na praia, estavamos na rua, na frente da casa de um senhor de uns quarenta anos de cabelos bem negros e lisos.
Em frente a essa casa estavam estacionados vários caminhões.
Queriamos uma foto do azul fantástico que cintilava no céu.
Tirei uma foto só da paisagem, mas queria uma de nós na paisagem.
Os caminhoneiros eram a platéia e os juízes da nossa foto.
Observavam como se o jogo de dominó em andamento tivesse num instante perdido toda sua importância.
Voltamos pra casa.
Fiquei exultante quando descobri que a câmera estava comigo.
Comemorei e contei a minha descoberta à minha companhia como um portador de Alzheimer.
No mínimo umas quatro vezes.
Voltamos à praia, tiramos várias fotos.
A câmera parou de funcionar.
Era a bateria que tinha chegado ao fim.
Nada que um cabo e uma tomada não resolvessem.
Mas a impressão era de que eu tinha esquecido o cabo em casa.
Estivemos também num lugar que parecia uma escola.
Ou quem sabe um cartório.
Não sei ao certo.
Faziamos parte de um grande grupo de pessoas.
Mas talvez o acaso tenha nos unido no desejo de conhecer as partes mais escondidas da cidade.
A igreja me fez lembrar de Paraty.
Não sei o motivo, pois o que essa tinha de arquitetura antiga, aquela parecia recente.
Essa é pequena e quadrada, aquela era grande e redonda.
Estranhamente redonda.
E impressionava pelo fato de ser quase uma ilha, unida ao continente por uma pequena porção de terra.
De qualquer forma na minha cabeça elas foram associadas com algo em comum.
Talvez eu só ainda não tenha descoberto o porquê.
Mas sempre existe um motivo.
Já o mar me lembrava Fernando de Noronha.
Aquelas formações rochosas no meio do Oceano Atlântico e aquele mar azul como em nenhum outro lugar.

Não foi nada parecido com todos os outros acontecimentos com o mar.
As ondas sempre chegavam até mim, me derrubavam, me amedrontavam, me encurralavam.
Eram pesadelos.
Por mais que os cenários fossem maravilhosos, o resultado era sempre de medo, susto.
Não dessa vez!




Um sonho.
São apenas sonhos.

1 comentários:

Brunno Leal disse...

Lindo texto!

Parabens

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